Aumento de feminicídios acende alerta e impulsiona atos nos 21 Dias de Ativismo

Os alarmantes números de feminicídio em 2025 revelam uma tragédia contínua no Brasil, exigindo que o tema da violência contra a mulher seja tratado com a máxima urgência. O país já ultrapassou mil feminicídios registrados apenas neste ano, enquanto mais de 2,7 mil mulheres sobreviveram a tentativas de assassinato entre janeiro e setembro, uma estatística que, por si só, revela o tamanho da violência cotidiana enfrentada pelas mulheres brasileira.

Reação da sociedade: mobilização feminista e pronunciamento de Lula

A sucessão de casos durante os 21 Dias de Ativismo provocou reações de movimentos feministas, instituições e lideranças políticas. Em meio ao aumento dos feminicídios, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um pronunciamento firme em Pernambuco, direcionado especialmente aos homens.

Lula pediu uma mudança de postura masculina e defendeu a criação de “um grande movimento nacional contra os animais que batem e maltratam as mulheres”. O presidente lembrou os conselhos de sua mãe, Dona Lindu, sobre resolver conflitos de forma digna e sem violência, reforçando que nenhum motivo justifica levantar a mão contra uma mulher.

ministra das Mulheres, Márcia Lopes, afirmou que a violência contra mulheres no Brasil permanece em um patamar “inacreditável” e não pode ser naturalizada pela sociedade. Segundo ela, o machismo e a misoginia ainda fazem com que agressões sejam tratadas como comportamento comum nas relações, o que agrava a crise.

“Não podemos, jamais, naturalizar essa situação, como parte da sociedade acaba fazendo ao longo dos anos. É inacreditável essa cultura, quase que incorporando a violência como um ato normal de uma relação, pelo machismo, pela misoginia, por tudo aquilo que a gente tem historicamente na sociedade”, destacou a ministra em entrevista à TV Brasil.

Márcia destacou que os dados continuam “estarrecedores” e exigem resposta urgente do poder público. Para enfrentar o problema, a ministra afirmou que o governo intensificou a integração com estados e municípios e ampliou a rede de serviços de proteção. As ações incluem endurecimento das leis, reforço ao Ligue 180 e inserção de conteúdos de prevenção em escolas e universidades.

Ela ressaltou também o papel decisivo dos municípios, que atuam diretamente com escolas, unidades básicas de saúde e comunidades religiosas. Márcia defendeu que a violência de gênero é um fenômeno histórico e que a sociedade precisa compreender o que motiva homens a cometerem agressões, incluindo o feminicídio.

A repercussão do discurso coincidiu com a convocação feita por Anne Moura, secretária nacional de Mulheres do PT, que também anunciou o grande ato nacional no próximo dia 7 de dezembro, às 10h, como forma de pressionar por respostas políticas e sensibilizar a sociedade. Anne destacou o perigo do “silêncio dos bons” diante da misoginia e argumentou que enfrentar o feminicídio também exige consciência na escolha de representantes públicos.